Verticalização das cidades não significa adensamento urbano!
Há um mito de que o aumento das alturas dos edifícios é proporcional ao aumento de densidade populacional no local. Não é exatamente assim que funciona. Diversos fatores além da altura dos edifícios interferem na densificação.
- Recuos
Recuos laterais e frontais fazem com que grandes áreas ao redor de edifícios fiquem despovoadas e acabem restringindo o potencial de ocupação dos terrenos. Uma comparação pode ser feita entre Paris e São Paulo.
Em Paris, onde a média de altura dos edifícios é de 5 pavimentos, mas não prevê distâncias laterais e recuos frontais de jardim, a densidade populacional é de 20.807 hab/km² (INSEE).
Já em São Paulo, que possui mais de 10mil edifícios com alturas acima dos 100m (em torno de 30 pavimentos), apresenta densidade de 7.398,26 hab/km² (IBGE, 2010).
- Metragem quadrada
Outro mito é de que o aumento da metragem quadrada construída é equivalente ao aumento populacional. Essa relação também não é necessariamente verdadeira, visto que uma unidade habitacional pode possuir grande metragem e abrigar só uma pessoa, ou um casal sem filhos, por exemplo.
Pense em 1 apartamento de 250m², onde mora 1 casal. Ele possui a mesma metragem de 10 apartamentos studio de 25m² que também podem abrigar 1 casal e cada. A área construída é a mesma, já a densidade é 10x maior.
Possibilitar edifícios mais altos não necessariamente causará impacto na infraestrutura urbana ou no adensamento; para isto, outros mecanismos de legislação precisam atuar junto, como índice de aproveitamento, taxa de ocupação, afastamentos laterais e diversidade de usos.

Você pode saber mais sobre os mitos dos adensamentos urbanos no artigo "Os fatores proibidos do adensamento urbano", de Anthony Ling, no site Caos Planejado.
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